sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sobre a sensibilidade... sobre a paralisia cerebral...

Hoje na Telenovela Viver a vida, a Teresa abordou uma jovem paralitica (que se encontrava na rua numa cadeira de rodas) e pôde-se notar o olhar triste e sensivel da Teresa... eu conheço esse olhar, é aquele olhar de quem por motivos alheios vê noutra pessoa uma situação parecida à sua, ou de alguém que lhe é chegado!É o olhar de compaixão!
Eu também conheço essa curiosidade de ir ter com a outra pessoa nem que seja para lhe dizer Olá, mas ao contrário dela nunca o fiz...
Até à sensivelmente 4 anos atrás eu não sabia ou não me importava em saber o que era a paralisia cerebral, conhecia um ou outro caso, já tinha visto na tv, mas passava-me ao lado, até ao dia, aquele dia em que espreitei aquele molho de folhas que estava em cima da cómoda do quarto do bebé e percebi que a paralisia cerebral era a consequência daquele acidente, não perguntei nada à minha tia, interiorizei que nâo havia de ser nada, ele era ainda um bebé como tal podia recuperar algumas funções. Nessa noite, chegada a casa pesquisei na internet sobre esse problema. Esclareci-me.
Este ano o meu principezinho (é assim que o trato) vai fazer 5 anos, não fala, não anda, vê mal, ouve mal, nunca vai falar, nunca vai andar... vai ser certamente toda a vida um bebé grande...
Desde a descoberta da doença dele, já me cruzei com crianças com o mesmo problema, umas mais grave outras menos grave e fico sempre sensibilizada, com vontade de ir ter com eles nem que seja para dizer olá, mas não vou... fico também com aquele nó na garganta e uma lágrima no canto do olho.
Toda a minha vida, embora sensivel à diferença, NUNCA fui tão consciente, passava-me ao lado, porque não havia nada que me despertasse para a causa. Hoje é diferente, hoje sei que se tivesse acontecido uns anos antes, tinha com toda a certeza enveredado por outra área e também sei que seria profissionalmente mais realizada.
Hoje quando o tenho perto de mim sinto-me triste quando não lhe ligam, que nem um olá lhe digam ou que nem lhe façam uma festa (não me refiro à nossa familia). Sei que não é fácil ver uma criança assim, também não é fácil de todo para mim. E gosto quando me perguntam o que ele tem, já aconteceu e gostei da atitude dessas Senhoras. Não ofende e não incomoda.
Detesto e arrepio-me quando dizem "coitado é um atrasadinhno", magoa-me fundo... mas não lhes respondo, para mim nem vale a pena, infelizmente ainda somos um povo ignorante.
Até nos acontecer algo grave somos certamente insensiveis às causas, até ao dia em que tudo muda, o dia em que despertamos para um mundo, uma vida diferente.

3 comentários:

  1. Eu namorei um ano e meio com uma pessoa com paralisia cerebral. Fui feliz enquanto durou e ele também. É a prova de que eles, apesar de todas as limitações, podem ser felizes. E é sempre possível melhorar!

    Licenciou-se, arranjou trabalho e tinha uma namorada. :)

    Claro que se calhar a paralisia era menor, mas era paralisia à mesma.

    Já escrevi sobre isso no meu blog, infelizmente as pessoas na rua eram crúeis. É sinal de ignorância. E maldade.

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  2. Ana, certamente que era menos grave e ainda bem para ele. Eles não são nenhuns atrasadinhos mentais antes pelo contrário.
    Mas há ainda muito preconceito, se há!E maldade também pelos diferentes.
    beijo

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  3. Se há coisa que me irrita são pessoas que julgam uma pessoa com limitações, um coitado.
    É bem capaz desse "coitado" ser muito mais feliz do que a pessoa que o assim chamou, mesmo com as suas limitações.

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