A semana foi dura de passar, chorei que nem uma madalena.
Estou agora a escrever e a sentir aquele nó na garganta, sinto falta do meu pequenino, das patinhas dele, dos miau au au que ele fazia quando chegava a casa, sinto falta da rotina com ele, sinto falta e pronto!
O assunto ainda me transtorna e eu mal tenho falado sobre ele, a meio da semana pisguei-me para caso do meu respectivo, ao menos lá não ha recordações de nada, e a bem dizer fez-me bem. Agora que voltei estou outra vez para o mesmo.
A minha mãe também se fartou de chorar, parece que passou dois dias no trabalho sem abrir o bico. O meu pai, se chorou eu não vi, mas falava muito no assunto, partilhava o assunto com os colegas de trabalho (que também têm gatos), parece-me que "pediu conforto" nas palavras dos outros para se justificar o acto.
Mas eu repito na minha mente over and over again aquelas horas, quando olhei para o veterinário e lhe disse que sim com a cabeça. Ele perguntou se eu queria assistir. Respirei fundo e disse que sim. Entrei na sala, peguei no meu tarequito e abracei-o ao mesmo tempo que me desfiz em lágrimas. O veterinário abriu a porta e foi para a rua, regressou com os olhos vermelhos e vidrados. Foi ao meu colo que ele lhe administrou a anestesia geral, eu chorava, sempre com uma esperança de se reverter tudo, ele foi ficando calmo, a respiração mais leve, vomitou a comida e a merda das cascas de camarão que roubou do lixo, e eu só pensava, fodasse quem deixou a merda do lixo aberto? se ele não tivesse comido esta merda se calhar isto não tinha acontecido. Fui-lhe fazendo festas. e sempre com a puta da esperança. Mesmo agora, tou aqui sentada e tou com esperança que ele apareça lá fora a miar para entrar.
Peço desculpa, mas não me consigo controlar e este texto vai ser escrito à base de asneiras.
Fodasse que nunca pude imaginar que se podia amar tanto um animal. Era a minha companhia, era o pequenito cá de casa, cheio de pinta, cheio de piada...
Beijei muito aquele narizinho. E foi em cima da bancada que ele ficou ali deitado, morto.
Magoa-me tanto a morte dele como a da minha avó que faleceu à um ano.
Eu que sempre fui a favor da eutanásia, agora pergunto-me quem somos nós para decidir se aquela pessoa deve ou não morrer? Nós a decidirmos sobre a vida de outrem? Matar por amor é o que lhe chamam...
É nestas alturas que eu gostava de ser rica. Tinha dinheiro para pagar mais um tratamento, mais uma operação, a comida ainda mais cara... e se assim fosse estava ele aqui ao meu colo de fralda, colar isabelino a espreguiçar-se todo mimalhão...
Saudades, tanta saudade...